quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Matador de aluguel

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Seu corpo estirado no tapete, marcas de sangue por todo lado. Como fora difícil! Perdi a conta dos golpes, cinco ou seis, talvez. Minha vó já dizia: Praga ruim não morre fácil. O fato é que fez por merecer. Tirou-me de minha casa. Por ti foram noites em um hotel frio e sujo até que a burocracia me fizesse retornar. Pensei que as vias legais te afastariam de mim, enganei-me. Acabei por ter que fazer o serviço sujo. Vi-me sem dinheiro e com o motivo de meus tormentos novamente a minha porta. Ah, mas com certeza por essa você não esperava. Uma mulher frágil e bobona como eu jamais cometeria um assassinato dessa natureza. Pensou assim e se ferrou, matei-te. Com requintes de crueldade e não sabe com que satisfação olho teu corpo agora! Nunca mais terei tua presença asquerosa assombrando meus dias.
Ninguém me faz de boba!
-Alô. É da DDZUM?
-Sim. Quem fala?
-Aqui é da residência 34 da Rua das Flores, Bairro Indaiatuba. Vocês estiveram aqui ontem.
-Claro. A senhora ficou satisfeita com o serviço?
-Uma ova. Quero meu dinheiro de volta. E por favor, mande alguém buscar a ratazana, acabei de matar.

domingo, 23 de dezembro de 2007

A Janela (foto Abstrakt Algebra)

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Paulo era ranzinza, mal humorado.Parecia carregar o desgosto do mundo nas costas.Por vezes ouvira seu colega de trabalho dizer:
___Relaxa.Já experimentou olhar o amanhecer? O canto dos pássaros? O pôr do sol? Abra a janela da vida meu caro!
___Isso é coisa de quem não tem o que fazer.Ou de quem enlouqueceu de vez, prefiro entrar para o Partido Verde...E seguia assim, xingando a mãe do mundo.Era segunda-feira. O dia conspirava contra ele. Odiava as segundas-feiras.
___Merda! Ele havia levantado às pressas e escorregou no skate que o filho mais jovem esquecera no corredor. Caiu de frente para a janela, estava precisando ser pintada.Por um momento lembrou do amigo:" Abra a janela...". Abriu.
De cara viu os carros passando numa correria desenfreada.Buzinas e xingamentos: "Barbeiro". Uma freiada brusca. Uma mulher quase fora atropelada.Mais na frente uma propaganda de cuecas, um enorme modelo quase nú desfilando num outdoor.Mais uma freiada brusca:" Vá pra casa motorista de fogão!" Uma mulher havia ultrapassado o sinal vermelho.
É...Com certeza os pássaros tinham fugido junto com toda a paisagem.
Ele fechou a janela com força e olhando em direção à cozinha gritou:
___ESSA PORRA DE CAFÉ SAI OU NÃO SAI???

Me Morte

Quem matou o elemento?

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Cinco da matina, a favela parecia morta, nem os olheiros do tráfeco estavam acordados, deviam ter mamado todas durante a noite.
Um elemento descia do morro, andar manso, jeitão de quem vai aprontar, viu uma morena de olhar 171 e disse:
-Aí ô vadia, chega junto.
-Olá amor, que tu manda?
-Táis afim dumas paradas aí?
-Tô dura meu.
-Pô! Tá me estranhando o piranha? Mina gostosa neguinho banca.
-Ai, que amor...
-Podes crer...
-Pa, pa, pa...Três tiros secos, um bem no meio do peito e o sujeito caiu mortinho no chão.
O crime prescreveu e nunca acharam o assassino. Quem matou o sujeito?
-Sei lá meu.
-Fui eu xará. Mexeu com mulé minha eu coloco sete palmos de terra em cima. Ou não me chamo Detetive Escopeta.
-Ah...Conta outra. Tu aposentou cara, não mata nem uma mosca!
-Sério...
-Escopa! A pia tá cheia de louça...Preciso lembrar você de suas obrigações?
A mulher olhava os amigos com cara de pouca conversa.
-É...Bons tempos aqueles. -"Já vou benzinho, já vou..."






Me Morte
(foto de Ricardo "TattooDevil" da Costa)

domingo, 2 de dezembro de 2007

Baú


-Estão dizendo que a casa é assombrada...
-Não acreditou numa besteira dessas, acreditou?
Meu noivo havia pegado a chave na imobiliária, precisávamos alugar uma casa urgente. O casamento era no próximo mês e ainda não tínhamos onde morar.
-Por que o cara da imobiliária não veio com a gente?
-Ora meu amor. Ele confiou na gente, tinha outros compromissos, só isso.
Abrimos à porta da frente e ele entrou para me passar confiança.
-Venha Ana Elisa. Não há nada aqui, olhe.
Entrei e em alguns minutos esqueci totalmente dos rumores de assombração.
-A casa é linda! Olhe, uma lareira.
-Já pensou a gente namorando ao pé da lareira no inverno? Marcos me olhou com o olhar carregado de desejo.
Em dois dias fechamos o contrato e começamos a mobiliar.
-Amor. Amanhã não poderei vir. É final de mês, trabalho até tarde. Se quisermos nossa lua de mel na praia tenho que deixar tudo certo na empresa.
No dia seguinte, bem cedo, estacionei na garagem da nova casa. Precisava acertar os últimos arranjos, o pessoal da loja ia entregar nosso jogo de quarto, queria escolher as melhores roupas de cama, afinal íamos estrear uma vida a dois ali.
Foi quando ouvi uma voz me chamando. Parecia minha mãe.
-Ana Elisa. Suba aqui, por favor.
-Mãe? Minha mãe ali? Como ela tinha entrado? A chave estava comigo. Minha mãe não sabia que tínhamos alugado a casa. Será que Marcos havia contado e esquecido de comentar?
-Aqui em cima. Depressa. Socorro!
Subi as escadas correndo e percebi que a voz vinha do sótão.
-Mãe... Está aí em cima? Subi a escada estreita e abri a pequena porta que dava acesso ao topo da casa.
-Aqui...
-Onde? Onde está você? O sótão estava vazio e só havia um baú num cantinho, meio escondido.
-Aqui. No baú. Venha rápido.
Eu senti um calafrio, mas não tive dúvidas, era minha mãe. Corri até o baú e o abri.
Era enorme e estava cheio de bonecas de pano.
-Mãe...? Uma das bonecas chamou minha atenção. Seu vestido era lilás e seu rosto parecia muito com o de minha mãe.
Peguei a boneca e fiquei admirando. Tive a nítida impressão que a boneca sorrira.
-Ora. É só uma boneca. Joguei-a para dentro do baú e quando ia fechar a tampa senti dois braços fortes me empurrando para dentro da caixa. Foi tudo muito rápido e desmaiei.
O som vinha de muito longe. Parecia a voz de Marcos. Tinha mais alguém com ele.
-Fica tranqüilo meu filho. Ela vai aparecer.
-Dois dias Dona Luiza. Dois dias sem dar notícia.
Era a voz da minha mãe. Estava escuro. Parecia que eu estava em um lugar trancado, sem luz, sem ar. Tentei gritar, mas a voz saiu fraca.
-Marcos! Estou aqui. Ajude-me! Não conseguia identificar o lugar onde estava. A voz do rapaz parecia se distanciar. Tinha que reunir todas as minhas forças.
–SOCORRO! Marcos! SOCORRO!
Foram gritos alucinados. Perdi a conta de quantas vezes gritei por socorro. Foi quando levei um susto: O telhado se abriu e um rosto enorme apareceu. Quase enfartei de susto. Parecia um gigante... Minha voz sumiu na garganta. Fiquei paralisada. Era Marcos e minha mãe.
-Ora Dona Luiza. Aqui só tem bonecas de pano. Eu não disse que era só sua imaginação? Saíram e desmaiei novamente.


Me Morte
(foto de Augusto Peixoto)

sábado, 23 de junho de 2007

Sedução



Encontrei uma andorinha literata.De galho em galho me provocava, fazia mil caras, sedução.

Eu, sabiá descolado, sempre nas noites, sempre garanhão, caí ao chão!

E a linda andorinha seguia, pelos bosques me olhava, de rabo de olho piscava.Quando eu virava me lia, me absorvia, sugava...Percebo que a linda andorinha chupou a alma que um dia eu disse estar morta.
Agora bateu uma tristeza! Percebo que, sem querer, enfeitei a mesa para a linda andorinha morrer.

Queria dar a mão, na agonia, beijar a fronte que me fez renascer, mas estou morto a dias, devorado pelos olhos amados, esperando para ser enterrado de tanta tristeza!

Não terei sorte?A vida para mim é morte?Ou sou eu que mato os amores?

Deus!Tire meus olhos, me cegue!Para nunca mais espiar essa febre que de mim se apoderou!
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Me
(foto de Antônio Manuel Pinto da Silva)

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Indigente

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O corpo estendido na maca era de mulher. Coberto de carne dilacerada, o peito aberto como se tivesse levado dezenas de facadas. Um corpo nu, mais nada. Morto, abusado, seco de sangue e sujo de gozo. Estuprada. Uma mulher que há pouco respirava. Há pouco sorria, chorava, vivia, cantava...Fragilidade e frieza própria de quem morre. Morta, nua, intocável, finalizada. Será que foi amada? Ou morreu só? Teria uma história de vida ou a morte seria sua história? Ninguém sabe. Ninguém se importa. Ninguém lhe daria rosas no túmulo.
Era um cheiro de éter insuportável!
-Merda! Meu pai bem que dizia: Seja dentista! E eu optei por médico legista. -Desculpe moça. Não fossem esses furos até que dava.
Guardou o membro, fechou o ziper da calça e empurrou a gaveta. Ela merecia um epílogo.






Me

terça-feira, 19 de junho de 2007

Ame-me querida

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O silêncio era interrompido vez ou outra por um grito ou freada brusca vindo da rua. O quarto era simples, a cama de ferro, lençol branco e jarro de água na cabeceira.
-Oi amor. Demorei muito? Ele chegou perto da cama e puxou o lençol deixando à mostra o corpo miúdo vestido com uma camisola de algodão – Os meus pacientes não me deram folga hoje, fiz três cirurgias.
A moça parecia abatida, inerte, como se estivesse em outra dimensão.
-Ficou chateada? Ora, venha cá. Vou dar o que você gosta.
Rasgou o tecido e o seio descoberto parecia convidá-lo a luxuria com seu bico rosa e durinho. Abocanhou-o enquanto com sua mão procurava seu sexo abrindo a passagem estreita e seca.
-Vamos meu amor, eu sei que você pode fazer mais que isso. Teu ursinho chegou não me deixe com raiva. Penetrou seu membro de supetão e estocou-a uma, duas, três vezes, como se quisesse castigá-la.
A moça continuou apática e isso o deixou mais irritado, virou-a de bruços e fodeu seu ânus como um animal. O sêmen misturava-se ao sangue por entre as coxas alvas.
-Sua vadia. Sempre a mesma coisa. Não faz nada. Nenhum gesto de amor. Gosta de ser machucada.
Novamente excitado se aproximou de seu rosto e disse:
-Vai engolir minha porra hoje.
Algum tempo depois, com o membro mole, limpou-se rapidamente e saiu trancando a porta. Antes se virou e disse:
-Até breve meu amor.
Na garagem ficou de tocaia. Era 7 da manhã, estava na hora. Viu o moço na porta lateral e não hesitou, ligou o motor e saiu em disparada. Acelerou e num só golpe atropelou o rapaz. Com rapidez colocou-o no porta malas e limpou os vestígios de sangue com a mangueira que o faxineiro guardava no cantinho da escada de incêndio.
Calmamente pegou o telefone e discou...
Mais tarde ao chegar á clinica viu uma aglomeração se formando na recepção e quis saber:
-Enfermeira, o que aconteceu?
-A paciente do 318 doutor. Faleceu.
-Como? Estava estável, era coma induzido.
-Estupro doutor. Pelo enfermeiro de plantão. O maníaco a asfixiou com o próprio sêmen. O estranho é que a polícia recebeu uma denúncia anônima em seguida. Parece que o enfermeiro surtou e desapareceu.
-Ninguém sabe dele?
-Ainda não o pegaram. Foi durante a madrugada. Essa aglomeração é dos repórteres. Uns urubus.
-Alguma novidade?
-O de sempre. Dois acidentes e quatro internações.
Dois homens, uma criança e uma mulher.
-Jovem?
-Sim, uns trinta anos.
Seus olhos brilharam.

Me

.(foto de Rui Evaristo)

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Meta

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-A senhora reconhece algum deles? O detetive apontou através do vidro: Seis homens enfileirados. Rosa estava segurando o choro enquanto olhava atentamente, um a um.

-O terceiro.

-Tem certeza?

-Olha, certeza, certeza, eu não tenho. Sofro de miopia, não vejo bem de longe. Eu tenho certeza que os outros não são, a pele era morena como a do terceiro.

-Hum...O policial coçou a cabeça e disse ao colega: Traga o rapaz aqui, o terceiro, vede os olhos dele para que não veja.

-Não. Não precisa. Deixe ele me ver. Quero que saiba que fui eu. Não me importo. Trouxeram o rapaz e a moça apoiou o braço na parede, estava enojada, levou a mão à boca.

-Está se sentindo bem? Quer um copo d”água”? O policial percebeu sua súbita palidez.

-Não. Não precisa, obrigado. Abaixou o rosto e vomitou no canto da sala.

-Por favor Dona Rosa, diga logo e retiro o meliante, assim se sentirá melhor. Reconhece o pedófilo que estuprou sua filha?

-Não.

-Não?

-Não é ele. Tenho certeza. Saiu em direção à porta e quando passou ao lado do rapaz, parou e olhou bem nos seus olhos. O rapaz virou de costas, não queria que ela mudasse de idéia. Dona Rosa, como se tivesse planejado, o abraçou por trás enquanto, ao mesmo tempo e sem piedade, enfiou fundo uma faca afiada em seu coração. As mãos juntas, firmes, não desprendiam, por nada. O sangue jorrava junto aos gritos do bandido, os policiais tentando tirá-la e a lâmina fundo, contraindo toda musculatura do corpo que estrebuchava.

-Tira ela...solta! Num tranco tiraram Dona Rosa e a faca ficou lá, cravada fundo enquanto o rapaz agonizava no chão da sala. Dona Rosa segurou o peito e num segundo viu tudo escurecer. Enfartou ali mesmo. Enquanto faziam os primeiros socorros, a mulher abriu os olhos e sussurrou:

-Perda de tempo, eu vou morrer.

-Não. A senhora tem que reagir, fique calma. Teve uma parada cardíaca e o médico de plantão teve que usar o desfibrilador, por sorte tinham comprado uma na semana passada depois que um policial falecera por demora no procedimento.

-Ela voltou...A senhora vai ficar bem, vamos levá-la ao hospital.

-Não...deixe-me morrer. O pulso estava fraco. O policial disse:

-Dona Rosa, o pedófilo está vivo, não morreu. Ele escapou e a senhora também vai viver. Ela abriu os olhos a procura do infeliz e começou a reagir.

-Pronto. Apliquei uma sedativo, agora a levem ao hospital. Por que disse que o cara estava vivo? Ele já agonizou faz tempo.

-Ela reagiu não foi?


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Me Morte
(foto de ABrito - Beauty)

terça-feira, 5 de junho de 2007

Obsessão (foto de Graça Loureiro)

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Teus olhos são lindos!

-Por favor...

-Quieta...Deixe-me contemplar a luz que irradia deles. Azuis como um céu, brilhantes como a lua. Teus olhos me fascinam, me dominam, me atraem como imãs. Quanto te vi pela primeira vez já sabia: seriam meus. Quero ser teu guia, teu cão, teu amor. Olhe para mim. Veja meu rosto. É tua imagem perpétua refletida nele.Aproximou-se e beijou os olhos da moça num ritual mágico.

-Por favor...

-Quieta.

Imóvel, amarrada à cadeira,não pode se defender quando as duas agulhas penetraram em sua retina...

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Me Morte

segunda-feira, 4 de junho de 2007

CILADA II (foto de Graça Loureiro)

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A cena era clara: O marido comia como um porco. Fazia ruídos com a boca, o som da mastigação era nojento. À noite roncava atrapalhando meu sono. Babava no travesseiro. Tinha um recipiente na beira da cama que usava durante a madrugada para mijar, por pura preguiça de ir ao banheiro. Bebia muita cerveja em frente à TV e depois ia dormir. Não deu noutra: virou o conteúdo do pinico em nossa cama. Que cheiro! Aquele líquido morno tocara minha perna...
Voltei à realidade e dei a resposta que todos esperavam.
-NÃO.
O padre confuso perguntou novamente:
-Maria Luiza: aceita Paulo Roberto, como seu legítimo esposo, para amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe?
-NÃO.Virei as costas e fugi em disparada.
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Me

quarta-feira, 23 de maio de 2007

MonAlisa (publicado no www.bardoescritor.net/ www.memorteme.blogspot.com)


Rita tinha dois empregos, zeladora da universidade e diarista.Tudo para manter Manuela, sua filha, no curso de arquitetura. Mona, era assim que a chamava, pois tinha o mesmo sorriso enigmático da Monalisa de Da Vinci.
Estava fazendo uma prova para bolsa de estudos.
-Ei...Psiu, Mona...Era Júlio, seu velho amigo de infância pedindo cola.

- A 2ª, por favor...Mona ergueu a saia e mostrou um pedaço de papel colado à calcinha de renda. Julio ficou tenso, ela sempre o provocava, mas aquele não era o melhor momento.
-Pegue.- A moça o olhou com malícia. Júlio estendeu a mão e tocou no papel, trêmulo. Mona deslizou na cadeira fazendo-o tocar no fundo úmido e fino da malha de algodão. Puxou a mão do garoto e o fez gemer. O papel que havia sido arrancado caiu ao chão. Mona fez menção de pegá-lo quando...
-Deixe que eu pego.- Era o professor que assistira tudo. Pronto, estava ferrada. Que burrice.Sempre agia assim, sem pensar.Mas agora...Não!Era o fim.Sua mãe ia ter um enfarte de desgosto.
-Eu não ia colar professor.Era uma brincadeira.
-Cala a boca! Dê-me essa prova.
-Por favor,...
-Já disse, me dê essa prova!- Tomou com força e começou um longo discurso.-Cansei de ser bonzinho com você, garotinha mimada.Só está aqui por causa de sua mãe, sempre trabalhando feito uma louca enquanto você faz das suas.Bebedeiras, desacatos, sempre revoltada com o mundo.
-Por favor, professor, eu não ia colar.Uma chance, por favor...
-Uma? E todas que já dei?
-Dessa vez sou inocente.Não pretendia colar. Era uma brincadeira...
-Dê-me a prova e saia da sala.Já!
A moça entregou a prova e levantou-se.
O professor coçou a cabeça. Talvez tivesse exagerado. E se fosse só uma brincadeira mesmo? Não podia levar tudo a ferro e fogo. De qualquer maneira, ela merecia um susto.Respirou fundo e disse:
-Espera...
-Como? Mona estava sem entender.
-24 horas...Você não adora brincar com outros?Não vive tentando ser o centro das atenções?Pois agora vai ter sua chance.Tem 24 horas para me surpreender.Vale a sua prova.Mas vou adiantando, nada mais que você faça me surpreende, esgotou todas as possibilidades.
-Não to entendendo...
-Dane-se!Choque!Faça-me ficar boquiaberto.Se jogue do décimo andar, morra, mas choque!Quero ver até onde vai sua criatividade.Disse isso e foi até a porta. -Agora saia!Fora!
Na rua ainda ouvia os risos dos colegas:
-Fodida! ESTÁ FODIDA!
Entrou no ônibus e foi para casa.
O que fazer?Já tinha entrado na sala do diretor e feito um strep em cima da mesa, o que lhe rendeu 10 dias de suspensão; peidara dentro do elevador cheio de gente; já se despira durante o sermão da igreja, o que lhe rendeu uma surra. Sem saber o que fazer chegou ao portão da fazenda onde morava com a mãe. Os donos só vinham aos finais de semana. Sua mãe cuidava da manutenção da casa e dos animais. Ganhava um extra que ajudava nas despesas.
Olhou para o galinheiro e foi até a cerca.
-Olá galinhada! Sentia-se uma idiota.Qualquer galinha ali merecia mais respeito que ela. Olhou pela primeira vez para uma delas, majestosa, com suas penas amarelas. -Olá. Está quentinha aí? Tinha oito ovos e a galinha parecia querer proteger suas crias. Era uma verme mesmo! Até aquela galinha fazia tudo por seus filhos. A mãe, coitada, teria uma síncope quando soubesse que perdeu a prova. Pegou um dos ovos e agasalhou junto ao corpo.Sentia necessidade de ser útil.
No dia seguinte, o professor entrava na universidade quando o zelador veio ao seu encontro.
-Doutor...Não foi culpa minha.
-Do que está falando?
-A moça...Apontou para a sala de aula que estava aberta.
-Que moça?O que houve?Um frio na barriga, ele correu em direção a porta. Mona estava deitada ao chão enrolada num cobertor.Quando viu o professor sentou e disse: -Bom Dia. -Que faz aí? Dormiu aqui? Mona ergueu as mãos e mostrou o pinto que acabara de nascer.O chão ainda tinha as cascas finas do ovo. -Meu Deus!Ele estava impressionado.Você...Chocou?
Mona deu o seu famoso sorriso enigmático como resposta.
FIM
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Me Morte

Profissão Esperteza (Releitura de um conto de domínio popular “Sabedoria Antiga”)

(publicado no www.bardoescritor.net)



Os seios mais lindos que eu já vi! Dois melões suculentos! Tenho que abocanhá-los. É uma necessidade quase mortal. Nada mais importa. Preciso sentir o gosto! São enormes! Belos!
-Calma Rui. Verei o que posso fazer. Mas vai custar caro. Uns mil dólares.
-Pago o que for preciso.
-Ok. Eu volto a dar notícias.
Esperto e ardiloso, lá foi Roberto Tavares, advogado trambiqueiro, até a fazenda de Dona Cida, a dona dos famosos seios. Seu marido era o fazendeiro mais abastado da região, Ananias Barroso, de tradicional família de plantadores de batatas.
-Roberto! Que bons ventos o trazem? Entre. Eram amigos de longa data, quase parentes.
Ficou hospedado alguns dias e na véspera de sua partida, pôs o plano em prática. Entrou sorrateiro no quarto da mulher e colocou pó de mico no sutien que estava pindurado na porta do armário.No dia seguinte Seu Ananias acordou desesperado.
-Nunca vi doença assim. Ela coça os peitos desesperada, já estão em carne viva.
-Isso é Hepatite Varicelática de pele.
-Isso é grave?
-Não, se achar o remédio certo. Saliva de homem de meia idade virgem.
-Virgem? Minha Nossa Senhora! Valha-me Nosso Senhor!
-Calma. Eu conheço alguém assim.
-Conhece? Eu pago o que for preciso. Dinheiro não é problema.
E lá foi Roberto em busca do amigo.De volta e com tudo planejado, entraram na porteira da fazenda.
-Eis o amigo de que lhe falei, Rui Santos.
-Minha mulher ta lá no quarto. Vou mandar buscar um copo para colher a saliva.
-Não! Tem que ter contato com a língua.
-O que?
-Não se preocupe. Cochichou em seu ouvido: Ele é viado.
-Coitado! Imagino o sacrifício que fará. Pago em dobro.
Rui entrou no quarto e teve a visão mais linda de toda sua vida: Dona Cida deitada, nua, coçando os seios. –Com licença Dona. Preciso iniciar o tratamento. Caiu de boca. Primeiro no direito, depois o esquerdo: Lambeu, chupou, abocanhou, mamou nos peitões, até se fartar. Foram duas horas de muito lambe-lambe. Já estava com as calças cheias de esperma.Ia saindo quando a mulher disse:-Doutor... Tem uma coçeirinha aqui ainda. Apontou para a vagina. Não deu noutra. Lambeu, lambeu... E quando sentiu que a mulher ia gozar, penetrou-a com seu mastro e se deliciou.Antes de sair disse: - Não se preocupe. As particularidades do tratamento serão um segredo só nosso. Piscou e saiu.Depois disso não quis mais contato com o amigo advogado.
-Mil dólares... Jamais! Trambiqueiro! O serviço fui eu que fiz, ora. Não atendia os telefonemas, não respondia os recados, nada.
Duas semanas mais tarde acordou no meio da noite, assustado. Três brutamontes invadiram sua casa, armados de rifles.
-O Sr. Ananias quer vê-lo.
-O que aconteceu? Dona Cida teve uma recaída?
-Venha conosco. E lá foi, rumo à fazenda. -Que bom. Eu já estava com saudades daqueles peitões. Pensou com seus botões.Chegando à casa, foram logo entrando. Dona Cida os recebeu.
-Venha. Rápido. Foram para o quarto. Lá, deitado na cama, nu, coçando os testículos já vermelhos e inchados, o Senhor Ananias.
-Lambe logo moço... Isso dói pra caramba!
Os rifles apontados para sua cabeça e do outro lado da cama, Roberto, com um sorriso nos lábios...
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Me Morte

Círculo Vicioso (publicado no www.bardoescritor.net/www.memorteme.blogspot.com)


Flávio tinha dezoito anos de idade e estava numa reunião da seita dos Meninos do Demo de Tatuapé. Tinha acabado de vender a alma ao tinhoso que apareceu em meio ao transe e anunciou: - Serás rico e terás a mulher que desejar, bastando estalar os dedos. Mas preste atenção: um dia venho cobrar. Vinte e dois anos se passaram. Era dia 23 de março de 2007. Tinha quarenta anos e era compulsivo por sexo, não resistia a uma boceta. Acordou com o barulho do despertador. Seis horas. Trabalhou e no final do dia se preparou para um encontro em seu apartamento. Contratara uma puta. Estava cansado das mulheres certinhas, queria depravação. A campainha tocou. Era uma loura estonteante com um par de seios que saltava da blusa. –Olá...! Ele saltou de boca no decote da moça e não viu mais nada. Literalmente. Acordou no dia seguinte com o ânus dolorido. Tentou lembrar do ocorrido, mas não deu. A última coisa que tinha na mente eram os seios em sua boca gulosa. Olhou o relógio: 6 horas. Mas por que o relógio despertou? Era sábado. Ligou para informações e levou um choque: Ainda era sexta-feira! Tinha algo errado. O trabalho se repetiu e a noite também. Dez dias se passaram, todos iguais. Seu ânus já estava em carne viva. No décimo primeiro dia ele acordou mais tarde, o relógio não despertou. -Será? Correu para o telefone. -Alô. Informações? -Sim. Em que posso ajudá-lo? -Por favor: que dia é hoje? -Sábado senhor. Dia 24 de março. Ele deu um grito de satisfação. Correu ao banheiro para se lavar. O telefone tocou novamente. -Alô. -Flávio? -Eu mesmo. Quem fala? -Lembra de mim? O quarto se encheu de um aroma de enxofre. Eu disse que viria receber um dia. -Ai.... -Calma. O inferno está lotado. Você deu sorte. Não posso mais levar almas até o ano que vem quando teremos uma reforma por lá. -Mas andou por aqui esses dias... -Sim. Eu cobro as dívidas assim. Uma enrabada e deixo a vítima em paz. -Uma? Foram dez...Suponho. Estou todo deflorado. -Eu tenho culpa se teu rabo vicia xará?
Me Morte
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terça-feira, 22 de maio de 2007

Divórcio (conto publicado no www.nanobardoescritor.blogspot.com)

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Se ao conhecê-la, nos anos 60, tivesse se imaginado ali, num tribunal, brigando por ninharias, certamente teria virado a esquina em sentido contrário.





Me Morte

Matemática pura (conto publicado no www.nanobardoescritor.blogspot.com)

Eram dez horas. Já contara umas dez vezes as gotas daquele soro em seu braço.
Por dez longos dias chorara, desde que descobrira um tumor maligno no fígado, no dia dez de outubro de 2010, há exatamente dez dias, e há dez longos minutos o médico olhava seu rosto, preocupado, após ler o laudo de sua nova biópsia. Contou até dez e se adiantou:
-Tudo bem doutor. O senhor deve ter descoberto mais nove tumores...acertei?



MeMorte

A Hora É Agora

Aprendera com a vida, ninguém foge desse doloroso instante.Uns mais rapidamente, outros sofrem horas intermináveis.E por mais que estivesse preparado era como uma assutadora tortura! Nunca vira uma dor tão forte!Parecia que atravessava lado a lado e findava no vértice do abdômen. O fim estava próximo. Concentrou, como se dependesse dele, abreviar mais rapidamente a agonia. E, numa força maior, como em um parto, expeliu o que dilacerava fundo o âmago entérico,a feijoada no vaso sanitário.

Alvo

Eu andava pela rua, rumo ao colégio. Seis horas da tarde. Um mendigo sentado na calçada, rasgado, sujo, olhos vermelhos e barba branca. Parecia ter uns 70 anos de idade. Coitado! Vida dura. Poderia ser meu pai. Que eu podia fazer? Uma adolescente que não tinha onde cair morta... -Boa noite. Dei o meu melhor sorriso e segui meu caminho. Uma voz gritou: -Cuidado!!! O tijolo vôou e acertou minha cabeça. Desmaiei. Acordei com um enfermeiro ao lado e o velho numa camisa de força.

Me Morte

Tara (publicado no www.memorteme.blogspot.com/www.apoenicos.zip.net)

Provocava todos a sua volta.Roupas coladas, saia minúscula, olhares fatais.A boca carnuda, sempre molhada pela lingua num ritual de sedução.O rebolado, seios de bicos rijos...Quando tomavam coragem numa abordagem mais direta: --Vai para o inferno! Não sou pro teu bico!Fora daqui! Sempre na mesma rua, Av dos Imigrantes sentido centro.Fazia de propósito.Parece que queria brincar com os homens que ali passavam. Até que um dia, cansados de tanta humilhação, os operários da construção decidiram: iriam estuprar aquela gostosa. Era cinco da tarde.Encerraram seus afazeres mais cedo e ficaram de tocaia.A moça costumava passar pouco antes das seis. Enquanto um tapava sua boca, outro arrastava-a pelos cabelos e o outro abria a porta da frente. Pegaram a moça dos modos mais bizarros.Ela gostava de humilhar, ia ver.Era penetrada ora por um, ora por outro.Não resistiu, foi sodomizada sem reclamar.Aceitou sexo oral, até engoliu todo sêmem.Fizeram fila, revezaram, se fartaram.E no final, disseram: --Pode provocar agora.Essa bundinha já foi minha.Essa boquinha, esse par de seios, tudinho garota.Fez por merecer.Não diz nada? A moça tentava limpar os vestígios de sangue misturados á esperma de sua pele branca.Pegou a bolsa, tirou um celular, discou rapidamente e disse: _Pode vir me buscar agora.Na construção em frente ao carro. -Merda! Vamos sair daqui... -É tarde...falou em meio a uma gargalhada. -Quem é você? Da polícia? Dois sujeitos brutamontes adentraram o recinto armados até os dentes. -Teu pai te esfola menina.Outra vez essa tua tara por estupro? -Tenho culpa?Adoro.Em meio às gargalhadas disse:-Depois...são só operários.Menos três trouxas no mundo. Antes de sair, voltou-se e disse: -Prazer.Sou Maria Fernanda. A filha do "Fernandinho Beira Mar". Me Morte

Uma Bela e Tenra Espiga de Milho Cozida (texto publicado no www.bardoescritor.net)

Eu disse para você o quanto amo uma boa espiga de milho! Na forma de um bolo crocante, um mingau, vulgo Curau, como chamam em Minas Gerais ou assada direta no fogo.Hum...deliciosa! Mas nenhuma das formas se compara a uma boa espiga de milho cozida na água e sal. Você abocanha ela, crava seus dentes e arranca grão por grão, no final dá uma bela chupada na espiga e vem aquele caldinho saboroso. Só de descrever sinto a boca cheia de água! Eu perco minha cabeça quando devoro um milho assim!Avisei você, não foi? Não tens o direito de morrer agora esvaindo-se em sangue! Sabias que eu odiava sexo oral.Então por que, cargas d'agua, foi dizer: ___Imagine uma bela e tenra espiga de milho cozida!?

segunda-feira, 21 de maio de 2007

João da Capa

No Ano de 1953, no norte de Minas Gerais, em meados de Novembro, numa pacata cidadezinha chamada Porteirinha, aconteceu um fato curioso, para não dizer assombroso. Fato esse que vou narrar mas, por favor, que os mais impressionáveis, não leiam.Contam que, dentre os fazendeiros da região, havia um rico e abastado apelidado de “João da Capa”. Recebeu esse apelido por usar uma capa preta que arrastava no chão, a qual só tirava mesmo pra dormir.Sua esposa, mulher dedicada, adorava jóias. Incansavelmente exibia colares, tiaras, anéis de rubis, chaveiros etc. Mas tinha um anel, solitário, uma super pedra de diamante. Esse ela não tirava nem para dormir.Um dia, acometida de uma pneumonia, Dona “Esmeralda”, esse era o seu nome, veio a falecer. Não, sem antes, fazer seu marido, João da Capa, prometer que seria enterrada com seu anel preferido.O enterro foi pomposo, muitas flores, homenagens dignas até, de uma autoridade. A banda da prefeitura acompanhou o cortejo e todos pareciam compadecidos com o sofrimento do marido.Logo mais à noite, João da Capa foi visto de canto em canto, com uma garrafa de aguardente na mão num sofrimento de dar dó.Os dias se passavam e sem se conformar João da capa cada vez mais era visto bêbado, delirando. “Descanse em paz Esmeralda”, “Deixe-me em paz Esmeralda”. Ninguém sabia ao certo o motivo das frases alucinadas.Os amigos decidiram investigar e começaram a seguir os passos de João da Capa.A fazenda antes próspera e bem cuidada, agora abandonada, pois o coitado nunca mais lá voltara, estava às escuras. Na porteira uma mulher de branco, véu no rosto, de longe parecia muito com Dona Esmeralda. Zé Vitor, Joaquim e Alfredo, os amigos que investigavam o caso, pararam a alguns metros da fazenda. Os olhos arregalados, coração batendo em disparada:__ Céus! É dona Esmeralda!Constataram apavorados o motivo do abandono da fazenda. O fantasma da mulher agarrado a porteira, gemia e gritava:__ Devolva meu anel! Quero-o de volta ou nunca mais te deixarei em paz!Deram meia volta e não olharam para trás!Aí tudo ficou esclarecido.João da Capa, largado no banco da praça, com muito custo, respondia às indagações dos amigos.Disse que achou um desperdício enterrar a mulher com uma jóia tão cara e que antes de fechar o caixão, fez a besteira, tirou o anel. Agora não tinha mais a coragem de levar o “dito cujo” ao cemitério.Pediu que os amigos o acompanhasse, mas um a um, todos deram uma desculpa. Não queriam se arriscar a uma vingança da falecida.Eis que, depois de muitos goles, João da Capa se decide:__ Vou hoje, à meia noite, ao cemitério devolver o anel. Abro um pouquinho o túmulo, jogo para dentro e vou-me embora.__ Não João! Disse Alfredo.__ Não vá embora sem rezar para falecida, ela pode cobrar a reza depois.E lá se foi João da Capa, o relógio da igreja começou a 1ª das 12 badaladas. O silêncio era mortal; só se ouvia o ranger do portão do cemitério e os passos de João, capa arrastando no chão, invadindo os túmulos à procura do de Dona Esmeralda.Era muito escuro, depois de alguns túmulos errados, eis que avistou o que buscava. Ergueu a tampa, jogou o anel e preparava-se para ir embora quando lembrou do que disse Alfredo:__ Não sem rezar antes!Ajoelhou-se então e apoiando os braços no túmulo começou:“Ave Maria cheia de graça... Agora e na hora de nossa morte Amem!”.Pronto, agora com dever cumprido vou embora!Nisso, ajoelhado, fez menção de levantar, mas, “Deus”, sentiu que era puxado de volta ao chão!__ Alguém está me puxando! Suava frio!Novamente tentava erguer-se e era como se alguém o puxasse para baixo.__ “Esmeralda de Deus”, perdoe-me, deixe-me ir embora.Ele sentia como se alguém o puxasse para dentro do túmulo!Seu coração explodia, o suor escorria, as pernas bambas, não deu noutra, o coitado teve um enfarte fulminante e faleceu ali mesmo! Pobre João da Capa havia ficado tão nervoso, não percebeu que era a própria capa que enroscava em seus pés e quando se erguia era como se alguém o puxasse de volta ao chão.Seu enterro foi lindo, cheio de flores, homenagens, etc. Só um fato ninguém sabe explicar.João da Capa foi encontrado sem sua famosa capa e por isso enterrado sem ela.Esse fato mudou os hábitos dos moradores de “Porteirinha”. Até hoje, ninguém mais se aproxima da fazenda, pois dizem que é mal assombrada. Assim que o sol se poe toda cidade já dorme. Dizem que têm medo de encontrar João por aí reclamando sua capa. E você, por acaso sabe de algo a respeito da Capa de João? Se estiver com ela, leve até o cemitério quando o relógio da praça soar 12 badaladas. Ah! Só não esqueça de rezar.


Me Morte

domingo, 20 de maio de 2007

POR POUCO VÉIO...(homenagem feita ao amigo GIOVANI IEMINI, criador do BAR DO ESCRITOR)

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23 de abril de 2007.

-Hoje faço 39 anos, ou seria 38? Ando meio perdido no tempo.
Falava com seus botões. A amnésia era providencial, pois a idéia de entrar para a casa dos ENTA não o deixava feliz. – Estou ficando velho. O que conquistei? Quais eram meus ideais mesmo? Era a velha crise de aniversário que se instalava. Foi desviado dos pensamentos pela campainha da porta.
-Pois não?
-Aqui mora o senhor Giovani Iemini?
-Sou eu mesmo. Não enrola caboclo, fala logo a que veio.
-Poderia me acompanhar até aqui fora? Tenho um presente para o senhor.
-Xi... Não estou gostando nada disso. O que é?
-Uma mensagem animada.
-Mas, que merda! Não curto esse tipo de coisa... Se foi a Rê... Não. Não foi ela. Ta careca de saber que odeio essas frescuras.
Acompanhou o rapaz e em frente à casa, um caminhão todo enfeitado, uma banda na carroceria começou a tocar. Um pequeno palco estava instalado ao lado dos músicos e um rapaz subiu nele. Era moreno, corpo atlético, vestido com uma jaqueta de couro preto e uma cueca combinando. A banda tocou a música Macho Man de Village People e ele começou a rebolar como se estivesse numa boate gay.
-Vocês se enganaram. Isso não é para mim. Deu meia volta e entrou em casa. O rapaz começou a discursar no microfone e as pessoas se aglomeravam.
-“Gigio, meu amor. Volta para tua neguinha. Hoje é seu aniversário, fofo. Eu sei que você não quer que os outros saibam, mas hoje é um dia especial, não podia deixar passar em branco”.
-O que esse viado ta falando, meu Deus? Mas ele continuava:
-EU TE AMO GIGIO. Meu corpinho é teu, amor. Vem aqui fora...
-Vou te matar de pancada, seu PULHA! Giovani saiu em direção ao caminhão com um taco de golfe nas mãos.
-Liga logo cacete... Liga essa merda! Ele ta vindo. Preocupado, o rapaz da jaqueta de couro e cueca combinando, pedia ao motorista que arrancasse.
-Seu viado F D P, desce daí, porra! Subiu na traseira do veículo em direção ao rapaz.
-SOCORRO!
-Calma meu amor. Era Rê, que saíra debaixo de uma lona onde estivera escondida.
-Merda, Rê, você sabia?
-Eu avisei para não fazer isso, mas ele insistiu... No outro cantinho saía, com o olhar cabisbaixo, Emanuel.
-Oi Gi...
-Oi Giovani, foi tudo brincadeira. Era o moço do cuecão de couro. –Sou eu, Muryel, lembra?
-Emanuel, seu merdinha! Se quiser desrespeitar o Bar, aos colegas e ao mundo, dane-se. Mas a mim você não fará isso. Já estou de saco cheio de suas babaquices.
-Desculpa aí véio. É sério. Eu sei que errei. E também dou o maior valor pro trabalho que tu faz irmão. Eu não rasgo seda. Nunca precisei. Você sabe disso.
-CALA A BOCA!
-G... Í. G. I. O.
-Fala cretino.
-Feliz níver, véio.


Me Morte

Difudê

-Paulinho! Desliga essa merda de computador e vai estudar menino!
-Mas mãe, eu estou estudando. Esqueceu? Mundo moderno, informática, globalização, etc.
-Não me disse que o trabalho era sobre sinônimos?
-Vocabulário mamãe. Temos que fazer um vocabulário, ou seja, montar um “Aurélio” pesquisando novas palavras e seus siginificados.
-E você encontrou isso na internet?
-Sim. Com certeza. Encontrei um lugar recheado de palavras novas.
-Não esqueça os créditos de autoria, isso é lei.
-Pode deixar mamãe.A mãe saiu do quarto aliviada e duas horas depois veio ver o andamento do trabalho.
-Terminou filho?
-Sim mamãe, faz tempo. Respondeu Paulinho deitado na cama assistindo o Chaves na TV. A mãe pegou o trabalho da mesa e leu:

Enciclopédia e Dicionário BARESCRITURÉLIO
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Expressão – (créditos) – significado
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Mas Q. Merda! - (Véio) - levanta CARALHO!
Sifudê! - (Véio) - levanta CARALHO!
Difudê - (Véio) - levanta CARALHO
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Hum - (Giovani)- essa cachaça tá boa!
Igual músculo de minhoca, hehehe - (Giovani) - igual minha pica, hehehe
Eu sou democrático – (Giovani) – Calem a boca!
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Olá - (Alex Plunk) - Olá
Miojo - (Alex Plunk) - miojo
Uca, uca, e, e, - (Alex Plunk) - Uca, uca, e, e,
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Gostei bastante, um dos melhores q já li - (Eliane) - nossa, não entendi nada
Esse não gostei - (Eliane) - melhor variar um pouco os comentários, mas continuo sem entender nada.
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eaiuaehiuehae - (André) - eia eiu e aí? Beleza?
Gostei, sobretudo do final - (André) – só consegui ler o final.
valeu, :D flew! – (André) – Obrigada, foi demais, falou!
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sobe - (Muryel)- comenta pô.
Up _ (Muryel) – comenta vai.
Respondendo o tópico (Muryel) – subindo para comentários.
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Sou fã dela - (Anderson) - o poema tá uma merda, melhor xavecar.
Quer casar comigo? (Anderson p/ Me) – quer dar para mim?
Seu poema é lindo (Anderson e Cia) – acordo feito com machos qdo o poema é de mulher gostosa.
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ficanapaz – (Cris)- vá à merda pô
Hoje to cansado, amanhã leio – (Cris) – hoje to na manguaça, amanhã leio.
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Toma no cu! – (Emanuel) - que chazinho bom!
Rapa... - (Emanuel) - que chazinho bom!
DIDÁTICA
ca
ce
ci
co
ânus – (Emanuel)- que chazinho bom!
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Beijo grande (p/ mulher) – (Perrone) - quero comer vc
Beijo Grande (p/ homem) – (Perrone) - meu lado feminino quer dar pra vc
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Bom texto:
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PUTAQUEROPARIUUUUUUUUUUU!!!!!!! Ô - (Zé)
KARAKOLES!!! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK - (Elizabeth)
DUKARALEO!!! (Cris)
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Podem elogiar:
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Podem apedrejar (Ossip, Muryel...)
Alguém mais? (André, Anderson,...)
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Quero te comer:
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Teu texto é perfeito, Ninguém faz poemas como vc, Nesse estilo vc é imbatível, Vc é perfeita, adorei, etc... (todos os machos qdo comentam poemas de mulheres gostosas.
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Mulher perfeita:
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Pernas – Thaís/Peitos – Elaine/Calcinha – Flávia/Olhos - Me Morte
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Fonte: Bar do Escritor no Orkut
Aluno: Paulo Eduardo de Freitas Maciel
4ª série do ensino fundamental.

O dia em que a Me Morte dormiu com Charles Bukowsk



“Eu gosto mais de você escrevendo assim.”
Era o comentário do dia. Eu não escrevi uma libido, um poema tarado. Os tecladomaníacos de plantão deviam estar se contorcendo. Mas eu era gente porra! Eu comia, arrotava, peidava, chorava, era gente comum. Eu estava numa fase difícil, Crise de identidade? Podia ser, afinal eu era um fake.
Um amigo respondera a um mail onde eu perguntava se havia falado de mim num encontro que tivera com amigos em comum: “Falei do que conheço. Só do que sei. Você é mistério.” Fiquei tocada com aquela resposta. Eu sempre justifiquei minha reclusão na vontade de ver meu personagem na mídia. Na vontade de dar certo, de alavancar. Será que nem eu mesma sabia dos meus motivos? Será que eu não me aceitava como pessoa? Algo mexeu comigo.
Peguei meu colchonete e uma garrafa de 51 e fui para a rua. Nunca gostei de pinga, mas o momento exigia, eu tinha que repensar meus gostos. Não estava mais segura de minhas vontades.
Era dia ainda, dava tempo de encontrar um lugar legal.
Depois de algumas observadas em bairros próximos encontrei o que queria: um terreno baldio longe das casas. Coloquei meu cochonete, deitei olhando pro céu e começei a beber de golada.
-O que faz aí mulher? Enlouqueceu? Esse bairro é perigoso. Antes do amanhecer você será estuprada...
-Sai daqui policial. Esse é um país livre. Se eu quero dormir ao relento, num terreno que não tem dono, isso é problema meu.
-Cada uma que me aparece...
O policial saiu resmungando e foi-se na viatura.
Se eu tinha que ser estuprada que fosse por um bandido bem forte...foi o último pensamento antes do sono me vencer.
Totalmente embriagada e chorosa, como acontece sempre que tomo todas, fechei os olhos e dormi.
De repente senti o hálito quente e o corpo cheirando à cigarro em cima do meu. Pensei em levantar, mas minhas pernas não obedeceram.
Abri os olhos e vi Bukowsk deitado em cima de mim.
--Entre cachaça e risos, perdi o sono...Nunca vi tanta linguada, gozei mais de sentir a saliva do que o membro. Eu já não distinguia o cheiro da pinga do da porra.
-Eta mulher filha da puta! Tu é gostosa pra caralho! Chupa teu veio que meu tempo ta no fim.
Não me recordo se chupei, nem se dei o rabo ou a buceta. O fato é que meu ânus estava em brasa e a xana toda dolorida. Acordei com esperma nas vestes, na cara e na saliva.
E dizem que fui louca em dormir ao relento. Mais um pouco e nem eu me agüento! Ia pedir direitos autorais por servir de puta para o veio safado, ah se ia, na pindura que estou...
Pena, não me lembro de nada... Não sei se foi sonho ou se alguém se fez passar por ele. O fato é que Bukowsk me comeu. Se alguém souber algo sobre o que aconteceu, não me conte, estou satisfeita pensando assim.
E você véio:

-Venha aqui! Deixe teu testemunho ou te dou porrada! Diga que a Me teve honra de ser currada por você. Depois volte para tumba. Eu deixo.
--

Me

Introdução

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Me,

relaxa.

Tô na metade da sua introdução.


Aquele scrap não saia da minha cabeça. Era sexo puro. Como se o parceiro estivesse me penetrando o ânus e pedisse para que eu me acalmasse ou fosse um parceiro avantajado me ensinando a suportar melhor o tamanho de sua pica. De qualquer forma eu lia e me excitava, era um recado libidinoso com certeza.A calcinha estava encharcada. A pele com os pelos ouriçados. Que tesão doido! Então por que não conseguia lembrar do autor do convite pecaminoso? Sim, pois eu estava em frente a tela de um computador, com certeza não estava sendo penetrada, só podia ser um convite. A não ser que fosse um ser virtual, um espírito desencarnado, mas, se fosse assim o correto não seria eu sentir seu membro invisível? Passei a mão pela região da vagina e nada, ânus idem. Era um convite sim.

Voltei a olhar a página e outro recado:


Eu não disse?

Até que foi gostoso, não foi?


Céus! Eu fui comida? Não! Eu não senti nada. Só se fui comida por um ser microscópico. Ainda apalpei a virilha para ver se tinha vestígios de porra e nada. Não. Definitivamente não fui comida. Puxei a tomada do PC com raiva. Ora, que piada de mau gosto. Eu nem gozei. Cretino. Ser insensível. Podia pelo menos ter deixado o link de uma foto sensual para me inspirar. Eu certamente faria o resto. Seja quem for, não sabe tratar uma mulher.Entrei embaixo das cobertas e adormeci.
Tive um sonho engraçado. Estava em Varginha. Um homem pequeno, todo verde me dizia: -relaxa Me, sou apenas um ser ultrasônico. Mas te garanto, você gozou, apenas não lembra.
Me
(foto de Jet - The Meeting - Epilogue)

Índio não quer cachimbo, quer fumaça.

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A fumaça atrapalhava a visão dos que entravam, era assim todas as noites no Bar do Escritor, os que estavam lá não se importam, encharcados pelo álcool, sem distinguir o que era fumaça de cigarro ou do gelo seco que vinha do palco. A rotina era essa, corpos alcoolizados, música ambiente, risos... A garçonete olhava tudo com olhos diferentes, especialmente nessa noite estava diferente, como se repensasse toda sua vida.

-Hei Me, traz meu conhaque. Ta de moleza mulher? Era Véio China, sempre mal acostumado, achava que ela tinha que esperá-lo com o copo à mesa.

-Olha o jeito caboclo. Eu não bato em véio e nem bebum, mas tenha respeito com minha nega. Disse Doctor, sempre tomando as dores da moça, como se fosse seu dono. Ela tinha grande carinho por ele, o chamava de Guapeca, cão vira lata no dialeto gauchêz.

-Ao trabalho. Sirva a mesa do fundo, eu cuido desses bebuns. Querem tratamento de primeira? Eu dou. O Barman depositou com força o copo de conhaque na mesa do velho. Ele percebera o olhar perdido da moça e sabia que não estava bem.Se o Bar não tivesse tão cheio até a dispensaria, ele era um bom patrão.

Começa uma briga. Ossip, assíduo freqüentador, vendo o Fernando, maloqueiro conhecido, se insinuar para uma freguesa, interveio. Cadeiras voaram, copos foram arremessados, gritos histéricos das moças do reservado, Thaís, Alessandra, Larissa, Jimenna, Flávia e Rosália, e o Barman sem saber onde acudir primeiro.

Um grito de mulher entoa e todos fazem silêncio: Me, a garçonete, fora atingida por uma garrafa na cabeça. A cena parecia congelada.Todos ficaram mudos.
-Acertaram a Me. Foi o único som que se ouviu no Bar. Todos queriam socorrer a moça. O sangue jorrava. Seria seu fim? Morrer de uma garrafada num Bar de quinta categoria? O Barman ficou histérico:

-Quem foi o filha da puta que fez isso?

-Esquece disso e estanca o sangue. Disse Leonardo, o segurança que entrara com a gritaria. Pegaram uma toalha e amarraram firme em sua cabeça.

-Tem algum médico aqui? Paulão Fardadão, policial assíduo do boteco perguntou aos curiosos.

-Mim ser. Um cara minguado, cor de burro quando foge, cabelos escorridos, parecia descendente de índio brasileiro, todo feinho de dar dó.

-É médico, fera?

-Ser sim, lá na tribo dos Tupiniquins da Amazônia.

-Faz alguma coisa então seu índio de uma figa. O Barman estava descontrolado, sempre presenciava brigas no seu Bar, mas nunca o prejuízo ultrapassava o lucro. Dessa vez sabia, era peça primordial essa garçonete, ia ser a falência na certa se morresse, além de que, seu orgulho de macho estava atacado, afinal todos pensavam que ele a comia depois do expediente e para criar respeito, não desmentia o fato.

-Índio precisar privacidade, levar moça pro reservado. Índio usar ervas e cachimbo milagreiro.Levaram a moça e índio se trancou no quarto.

Depois de duas horas saiu com cara de felicidade e disse:

-Moça bem, vai viver. A garçonete veio logo atrás, toda desalinhada e com um sorriso sem vergonha na cara.Todos se aproximaram para vê-la.

-Deixem moça em paz. Ela precisar de sossego. Agora ser “Lua Morena”, noiva de índio Cavalo Malhado.

-O que?

-Mim dizer: Moça branca ir pra tribo casar com índio. Tudo muito rápido, igual nuvem de fumaça.

-Que tribo caralho?...

-Desculpa chefinho, eu vou sim, encontrei o amor da minha vida...Saíram em disparada sob os olhares atônitos de todos.
O faxineiro Kaspa varria os cacos quando reparou na garrafa que tinha acertado a garçonete.

-Que estranho chefe. Essa marca de bebida eu nunca vi por aqui. Cachaça de Manaus.

-Deixa ver. O barman leu no rótulo: Fabricação artesanal da Tribo dos Tupinanquins da Amazônia.



Me Morte

Levando Vantagem (publicado em www.maobranca.xpg.com.br/www.memorteme.blogspot.com)

Autores: Mão Branca e Me Morte



Ricardo era um cara descolado, 27 anos, gerente de empresa, carro do ano. Nasceu com a bunda virada pra lua, tudo dava certo. Talvez por isso fosse tão safado, queria sempre levar vantagem, principalmente se tivesse na jogada algum rabo-de-saia. Depois de um exaustivo dia de trabalho, dirigia seu possante carro para fora da garagem quando bateu em alguma coisa, estava distraído. Assustou-se ao perceber que era uma mulher. E uma mulher linda! - Você está bem? – Logo uma pequena multidão cercou o acidente. - O que aconteceu?... – Ela apalpou a cabeça, alisando os longos cabelos castanhos. Ricardo ficou hipnotizado. Os olhos verdes brilhavam lacrimejantes sobre o pequeno nariz reto. A boca, carnuda, tremia no ritmo dos soluços sentidos. - Você caiu na frente do meu carro. – Apressou-se em responder Ricardo, antevendo qualquer problema. - Caí? – Ela parecia desorientada, olhava as pessoas ao redor sem focar seus rostos. - Não se lembra? – Ricardo notou a confusão da mulher. Segurou-a pelos ombros e aproveitou para apreciar seu perfume. Excitou-se ao imaginá-la nua e lânguida. - Estou confusa. – Fechou os olhos. – Não sei como vim parar aqui... A mente perversa de Ricardo acendeu num clique. - Amnésia? - Não sei... nem lembro meu nome. – Arrumou o vestido, tentando se recompor. Ele conferiu avidamente os empinados e cheios seios que desafiavam a gravidade sem a proteção do sutiã. Escorreu os olhos pelas costas lisas até o bumbum redondo e atraente. Estava completamente enfeitiçado pela sensualidade moleca da moça. - Querida – Abriu um sorriso político. – vamos para casa. - Casa? – Fez um doce biquinho. – Você me conhece? - Não reconhece seu ursão? – Acariciou o pescoço a garota, para acalmá-la, e a beijou na testa. Antes que ela pudesse negar, a enfiou dentro do carro e correu para casa. Queria, a qualquer custo, comer aquela garota. Se pudesse usar um subterfúgio para alcançar mais rapidamente seu objetivo, tanto melhor. Seria, pensou, até muito interessante transar com a desmemoriada. Uma espécie de estupro consentido. - Posso tomar um banho? – Ela pediu assim que chegou ao bagunçado apartamento de Ricardo. - Claro, a casa é sua. – Tirou a roupa e a jogou no chão. Ficou nu para mostrar que tinham intimidade. Desabotoou o vestido da moça. - Eu faço isso... – Ela tentou impedi-lo, parecia receosa. - Não, querida, eu sempre a dispo, é o nosso pacto. – Ela franziu o cenho. - Sim, eu tiro sua roupa, – Desabotoava o vestido enquanto falava. Logo ela estava apenas de calcinha. Ricardo quase gemeu de prazer ao ver as marcas de biquíni no corpo perfeito. – e você chupa meu pau. O membro estava rijo como aço. Ele tentou puxar a cabeça da mulher, mas ela enrijeceu o pescoço. "Estou indo muito rápido", pensou, e decidiu fazer algo por ela. - Venha. – Puxou-a pela mão até o sofá. Sentou-a e foi postar-se ao seus pés. Gentilmente abriu as torneadas pernas da garota. Apreciou por alguns instantes a vagina rósea, pequena, cheirosa. Acariciou a virilha e a beijou levemente. Escutou um gemido, percebeu que ela começou a entrar no clima. Com a língua úmida, passou superficialmente a ponta sobre os lábios abertos, convidativos. Ela, agora, suspirou. Era sua. Abocanhou a boceta avidamente, como se chupasse uma laranja. A língua percorreu todas as curvas, entrou fundo e voltou para o clitóris, balançando-se lateralmente e bem rápido. Trabalhou naquela xoxota com afinco, ao mesmo tempo que enfiava vagarosamente um dedo, depois outro. A garota esqueceu que não se lembrava de nada e gemeu prazerosamente. Ricardo sabia o que fazia. Ela gozou. Revirou os olhos e apertou a cabeça do rapaz em seu ventre. Estava arfante. Ele sentou-se no sofá. - Vem, amor, ajoelhe aqui. Agora é sua vez de fazer um boquetinho no seu ursão. Ela parecia em dúvida, como se nunca tivesse chupado antes. - Calma. Você gosta! É o que te dá mais prazer. Ela começou timidamente, lambendo a base do membro, foi subindo a língua enquanto a mão acariciava as bolas, habilmente, e parou a boca em cima, na cabecinha, como se fosse recuar. - Vai, amor... – Pediu Ricardo, meio sonso de desejo. Ela abocanhou tudo, prendeu na garganta e voltou a beijar a cabeça. Enquanto seus lábios faziam pressão, a língua brincava com a glande inchada. Ajoelhada nas pernas do rapaz, descansava os peitos sobre o saco enquanto punhetava o pau. Ela chupou e bateu cabeça até Ricardo não mais se controlar. - Vou explodir! Ele pensou que ela fosse se afastar, porém a garota segurou firme o pau e mirou a glande para a boca com avidez. O primeiro jorro foi engolido direto da cabeça, os seguintes em mamadas pausadas. Ricardo achou que fosse desmaiar, virar do avesso, ou no mínimo secar até o osso. A garota puxava e mamava as últimas gotas com ternura, passando a pontinha da língua ao redor da cabeça, com um sorriso meigo e tremendamente excitante. Ficou satisfeito, mas não completamente. - Vem, amor, vamos para o chuveiro. – Ele a lavou como uma criança. Limpou os dedinhos dos pés, passou sabonete pelas pernas longas, lavou a bundinha cheia e durinha, acariciou o ânus e o lavou, até por dentro. Foram para a cama, ele a virou de costas e sussurrou em seu ouvido: - Quero por trás. - Como? Fazemos isso também? - Sim, querida, você costuma delirar! – Pegou a vaselina e esfregou na cabeça do pau. - Calma, não fique tensa. - Tentou enfiar seu membro rijo. Estava difícil. Conhecia o corpo feminino e aquele nunca havia experimentado sexo anal. Sua excitação cresceu. - Quietinha... – De supetão penetrou até o talo. - Ai. – Ela tentou sair da posição. - Calma, calma... – Ricardo a segurou pelas ancas e iniciou um movimento ritmado. A moça gemia de dor. - Está doendo! - Deixa-me ver... – Puxou-se para fora e viu um filete de sangue escorrendo pela bunda da moça. No seu pau também notou pequenas lacerações. – Calma, tudo está bem. – Não se importava com a moça, queria apenas satisfazer seu desejo. Penetrou-a novamente e continuou com os movimentos. Ela gemia, a dor era intensa, não havia espaço para prazer. Excitadíssimo por desvirginar aquele ânus, logo gozou e caiu no sono. Dormiu engatado na mulher, como se fossem velhos amantes. Na manhã seguinte, Ricardo acordou com a claridade. Percebeu a moça soluçando e olhando pela janela. - O que houve, querida? Ela não respondeu. Apenas abraçou o próprio corpo com os braços e aumentou o pranto. - Lembrou de tudo, não foi? – A voz de Ricardo era metálica. – Olha, querida, não precisa chorar. Foi bom, não foi? Você gozou feito uma porca no cio... Hehehe. – Saiu da cama ainda nu e coçou o saco. – Aposto que nunca tinha feito sexo assim... Os soluços ficaram mais altos. - Ora, mulher, somos adultos! – Sua voz demonstrava impaciência. – Sei que você gostou, afinal, rebolou como uma puta. A mulher se controlou, acalmando-se e ele novamente perguntou: - Lembrou de tudo? - Sim. - Foi bom, não é? - Sim, foi bom... - Então? – Usou seu sorriso mais safado ao abraçá-la. Ela se desvencilhou. - Lembrei por que me joguei na frente do seu carro. - Se jogou? - Eu queria morrer! – Os soluços voltaram. - Morrer? – Ele tentou abraçá-la mais uma vez. Pensou numa rapidinha durante a manhã. – Oras, que motivo uma gata como você teria para se matar? Ela engoliu em seco e finalmente disse: - Eu havia acabado de pegar o resultado do exame...sou soro-positivo.

Mãos Limpas (publicado em www.maobranca.xpg.com.br/www.memorteme.blogspot.com)

Autores: Mão Branca e Me Morte



O vestido fino cobria quase toda a pele, revelando apenas as formas sensuais. Ela consultou o bilhete e procurou o nome da rua, seus movimentos eram como o de uma deusa grega posando para o artista que a eternizaria como a mais perfeita figura humana feminina. E como era feminina! A tez clara, corada, contrastava com os longos cabelos ruivos escuros, meio cacheados, que balançavam com o movimento. Os ombros retos, arredondados, sobre os grandes seios arrebitados, desafiando a gravidade, e cheios como melões maduros. Na fina cintura via-se o umbigo - o vestido era em duas peças - , pequeno e apertadinho. Alguns rapazes imaginavam se o que vinha logo abaixo não teria a mesma aparência. O quadril redondo era adornado por um bumbum cheio, gracioso e lisinho.

Sou fogo

Dou jogo

Cadela de raça!

Me quer

Teu gozo

Cheiro de cachaça!

Decida

Me quer lânguida

Ou lambida?

Devassa

Ou de virgem

Andar e graça?

Paulo ficou boquiaberto, nunca vira mulher tão linda! E gostosa! Não era como essas malhadas de academia, era uma mulher natural, livre de amarras. Seguiu-a com os olhos. Ela o mirou e empurrou o próprio queixo, sorrindo, mostrando-o que ele agia como um pateta. Paulo ficou envergonhado. A mulher desceu a rua e ele pensou em segui-la mas não saberia o que dizer. De repente, ela se virou e voltou direto para ele. - Sabe onde fica a rua sete? – Uma voz impostada, como a de uma garota de telemarketing. Pensou nela gemendo em seu ouvido e quase gemeu também. - Ah? – Foi o que conseguiu responder, hipnotizado pelos grandes olhos verdes que emolduravam um pequeno e reto nariz. A boca, ah, carnuda, desenhada na pele, sorrindo como um raio de sol. - Pode me mostrar? – Ela sabia o efeito que tinha sobre os homens. E aquele nem era de se dispensar: em forma, grandalhão, um tanto cabeçudo mas até bonito. - Ah-hã! – Sentiu-se feliz por dobrar seu vocabulário. Foi atrás dela, indicando as ruas e sorrindo, ainda de boca aberta. Ela mostrou o endereço e explicou que precisava resolver um problema. Paulo pensava no suave perfume de flores do campo que exalava do atraente pescoço da mulher. - É ali. – Falou Paulo, despregando os olhos dela apenas por alguns segundos. - Você pode me acompanhar? – Ela pediu com um suave sorriso, quase suplicante. Como poderia ele recusar se já estava enfeitiçado? – É a casa do meu padrasto, ele é um pouco violento. – Abaixou os olhos, como se rememorasse fatos tristes. Paulo teve vontade de arrebentar a porta com um chute e quebrar tudo lá dentro. - Eu te protejo! – Falou, triunfante, pois sabia que seu tamanho assustava os adversários e atraia as pequenas. Ela sorriu, agradecida, e ele quase fechou os olhos para gravar em sua mente aquela expressão. Na porta da casa, ela disse: -Entre comigo. Tenho que apanhar uns documentos, - Baixou os olhos. – mas tenho medo dele.- Parou de falar e duas lágrimas rolaram. Paulo sentiu uma vontade louca de consolá-la e a abraçou. -Não chore, por favor. – Puxou-a para si e de leve secou seu rosto. A moça aninhou-se em seu pescoço. Paulo estava perplexo! A excitação que esse contato lhe causou foi enorme. Sentiu todos seus poros suando, coração acelerado, membro enrijecendo. – Que crápula eu sou! - Sua consciência pesava. Ela, ali, enroscada nele, chorando, e ele sentindo seu corpo quente, desejando possui-la. Apertou-a contra si e sem querer, gemeu baixinho. Percebendo a excitação, a moça ergueu os olhos. - Perdão, deve estar me achando uma boba. - Tentou se afastar mas Paulo a segurou. - Fica. - Foi o que conseguiu pronunciar. - Venha. - Ela pegou sua mão e dirigiu-se à porta lateral.

Te vi ali...

Um desejo na pele,

Teu corpo, desejo e ruína

Te sentir!

Poder tocar

Em tuas formas!

Ser eu e me perder!

Te querer,

Te ter!

Tô com fome de ti!

Se toco alucino!

Como meio menino...

Felina, fêmea, mulher,

Minha febre!

Te olhei assim!

E molhado, suado!

Imaginei teus seios

E tua vontade!

Me fartar!

Assim que entraram na casa, Paulo a puxou para si e gentilmente afagou seus cabelos. - Ainda não sei seu nome... - Manuela. Mas me chamam de Manu. E você? - Paulo, ao seu dispor. – Não quis ser formal, mas ficava mais atrapalhado a cada minuto. - Fique aqui, Paulo. Vou ver se meu padrasto está em casa. - Paulo sentou-se no sofá. Alguns minutos depois Manu apareceu vestida com um fino roupão de seda. - Desculpe, eu sentia calor. - Paulo não conseguia tirar os olhos daquelas formas voluptuosas. - Você é linda! – Aproximou-se e a puxou para si. - Por favor, - Ela virou o rosto. - não quero que pense mal de mim. - Mal? Por que? - Ele notou o brilho que surgira nos olhos da garota eram de desejo. Apertou mais o corpo contra si. -Você é linda! Eu sinto uma coisa... Nunca senti tanto desejo por uma mulher antes. - Sua boca procurou aqueles lábios carnudos e se beijaram selvagemente, suas línguas num balé frenético. Ergueu de leve o roupão e Manuela gemeu. Era o sinal verde! Arrancou a camisa enquanto sentia as mãos finas da garota abrindo seu zíper da calça. - Linda, eu te quero! Roupas espalhadas pelo chão. Paulo levantou Manuela nos braços e foi a procura de um quarto. - Tem certeza de que estamos a sós? - - Sim, querido! Estamos sós! - Deitou a moça na cama e admirou suas formas perfeitas, era uma linda mulher. Começou a beijá-la, sôfrego, primeiro os pés, lambendo os dedinhos, foi subindo pelas coxas firmes, sentindo uma vontade enorme de saborear seu sexo. Manuela estava entregue, seus gemidos inebriavam Paulo. Ele passou a ponta da língua úmida no clitóris e, lentamente, abocanhou a vagina como quem se farta com o mais doce mel. Acariciou os seios sem parar de lamber aqueles deleitosos lábios. Manu revirava os olhos e abria mais os joelhos, esperando sentir cada vez mais fundo aquele homem. Foi a gota d’água. Paulo subiu sobre ela como um cão no cio possuído de desejo, beijando-lhe a barriga, os seios, queria sentir cada vez mais o sabor da garota. - Espera, quero sentir seu gosto também! - Manuela o devorou com a boca carnuda. Era uma fêmea voraz. Beijava e sugava com tenacidade, ele não resistiria muito tempo. Ela subia a língua úmida até o umbigo, brincava com as bolas, molhava os lábios sorrindo e voltava ao ataque, com a ponta da língua na glande, fazendo rápidos movimento circulares, alguns beijinhos. Sabia que ele estava entregue. Ela foi perfeita! Paulo não segurou mais o gozo, era um sonho! Nunca teve um sexo oral tão bom. Sentiu tontura quando ela sugou tudo, sem frescura, uma fêmea verdadeira, como ele sempre imaginou nas suas fantasias mais loucas. Passaram a noite ali, sem pudores, ela inteirinha sua.

Sonhos se perdem

Se a imaginação os espera...

Um alvo na cama, estirado,

Um teto solar entreaberto,

Refletindo indícios claros

De que vai amanhecer!

E o corpo nu apagado

Cobre os olhos desnudos,

Dos pêlos a um desejo absurdo

De absorver, tomar, comer,

Antes que a consciência retorne...

Beijos ressequidos, breves,

Dos pés à cabeça, uma sede louca

Tomando o que a mim foi ofertado

Pôr te ver ali, adormecido

Para meu gozo e meu prazer!

Sugo mil cálices em teu contorno

E enquanto não te seco total

E depravadamente, não largo.

Sem deixar vestígios, serro de vez

Os lábios, numa insensatez...

Tomei tua essência, roubei-te

E de tuas forças alimentei-me

Caiu prostrado nos panos brancos

Enquanto fugi de volta à vida

Na espera de teus agrados

Paulo chegou a adormecer. Quando despertou viu os primeiros raios de sol pela fresta da janela. Deu um salto, não sabia onde estava. Logo a lembrança voltou e procurou pela moça. Estava perplexo!. Tinha que conversar. Não podia perder essa mulher de vista. Era perfeita demais! Jeito de criança indefesa contrastando com o de uma putinha safada na cama. Ouviu vozes que vinham da cozinha. Eram gritos! Alguns barulhos, coisas se quebrando. Assustou-se. Saiu rapidamente do quarto em busca de sua amada. - Paulo, - um grito – SOCORRO! – Era ela. Ele correu para a sala e a encontrou descabelada, o vestido rasgado revelando a brancura do seio. O rosto vermelho, parecia que chorava. - Me salve. – Apontou para o homem do outro lado. Magro, meio calvo, usava terno e parecia bravo. – Só você pode me ajudar. Avançou sobre o homem como um touro, o vermelho da irritação dificultando sua visão e fazendo-o desejar apenas um objetivo: aniquilar quem ameaçava a garota. Jogou um cruzado com a direita mas o homem de terno se abaixou. Tentou um soco de esquerda mas também errou. Sem titubear, agarrou o adversário pela cintura e tentou derrubá-lo. Com uma agilidade surpreendente, principalmente por causa do terno, o outro se safou e foi se refugiar atrás de uma grande mesa de jantar. Irritado pela fuga do adversário, pois queria mostrar à mulher sua força e habilidade, o grandalhão correu para atacá-lo novamente, mas o outro fugia pelos lados da mesa, tornando a situação um pouco ridícula. - Tome. – Ela gritou e jogou um objeto ao seu salvador. Paulo viu em suas mãos um revólver preto de cano curto. Nunca havia atirado, mas sabia que era só apontar e apertar. - Parado! – Gritou para o magro que fugia. A arma queimava em suas mãos. O careca levantou os braços, uma expressão de espanto na face. Paulo quase sorriu, havia controlado a situação. A mulher ficaria muito agradecida. Ela andou até Paulo, as ancas girando ao redor do corpo, os cabelos cobrindo a parte desnuda do seio. - Você me salvou. – O hálito quente, doce, embriagou os pensamentos de Paulo. O aroma daquela mulher o viciava. E agora? Que estamos aqui, Desejo e ternura Um gosto que dura Uma eternidade! Um gozo contido Lascivo, libido Senhora de minhas vontades! Ela contornou a mesa e aproximou-se do homem de terno. Paulo aproveitou para apreciar sua bunda. Manu olhou-o sorrindo com escárnio nos lábios avermelhados. Apoiou os dois braços no peito do homem e soltou as pernas, prendendo-se nele para não cair. – Não! – Gritou, fingindo que era atacada. – Não faça isso, por favor. – Gemeu e atirou-se ao solo. Paulo apertou o gatilho três vezes. Os projéteis acertaram o peito do homem careca, ainda estático pela atitude da mulher. Despencou para trás e permaneceu do jeito que caiu. - Você me salvou. – Disse novamente a mulher. – Me ajude. – Esticou as mãos e ele a levantou do solo. – Meu herói. – Sussurrou. Ele ainda estava aturdido, porém a calma da mulher o controlou. – Esse sacana – apontou o cadáver – era um homem muito mal, não se preocupe. – Chegou o rosto para perto de Paulo. – Agora esta tudo bem, amor. Beijou-o levemente. - Espere um pouco. – Falou de súbito. Beijou-o mais uma vez, pegou sua bolsa e saiu rumo ao quarto. – Vou me arrumar. Quinze minutos depois Paulo começou a estranhar a demora da garota. Procurava-a no quarto quando foi surpreendido por dois policiais que entraram de supetão. -Parado aí! Mãos na cabeça!. - Tinham revólveres e apontavam para ele. - O que houve? – Estava assustado e sincero, nem lembrava do corpo na sala. - Esse revólver é seu? – Perguntou um dos policiais. Viu a arma que ainda estava na cabeceira da cama, exatamente onde a colocara. - Sim, ou melhor, não. É da mulher... – Como iria explicar? - Que mulher? - Olharam em volta... - Manuela, deve estar no banheiro. - Revistaram tudo e nada da garota. - Tinha uma mulher comigo! O homem na sala era seu padrasto. Foi arrastado para a sala, onde outros policiais cercavam o corpo do careca e o cutucavam com o pé, para assegurar a mortalidade. - Qual o sobrenome da mulher? – Perguntou o policial. Acertou um cascudo em Paulo para chacoalhar sua memória. - Eu não sei. Conheci ontem. – Confessou. E foi a única coisa que esclareceu com clareza, pois não conseguia explicar o porquê de matar aquele velho policial, corrupto, que era odiado e temido pelos colegas. - Será que é a mesma mulher que ligou para a delegacia? – Perguntou o policial que segurava as algemas. -Talvez.... – Respondeu o delegado, relembrando da suave voz de operadora de telemarketing que o informou por telefone que um idiota havia matado o José Roberto, o cadáver no chão, e que ainda estava na casa. - Algeme o elemento! - Levaram Paulo para a delegacia. Estava perdido! Quem iria acreditar nele? No prédio da esquina, olhando por uma janela os carros da polícia em frente à casa do policial assassinado, a ruiva acendeu um baseado e tragou fundo. Lembrou-se de quando o policial quis trepar com ela como pagamento por recuperar sua BMW roubada. Quantas pessoas o sacana não havia abusado através do poder do seu distintivo? Não importa, ele não faria mais isso.

Você se diz meu amigo,

Amigo incondicional,

De todas as horas,

Me beija se choro,

Me abraça se beijo,

Se aproveita,

Me deita,

Me possui...

Um conluio

De dias...



Amor,

Mata meus inimigos pra mim?

.

O Gato Persa (publicado no www.memorteme.blogspot.com)

Autores: Afonso de Lizarra, Alessandra Bertazzo, Eduardo Borges e Me Morte.



Meu irmão tem o coração grande, mas muito pouco tato. Cismou de implicar com meu gato persa. Coisa de veado, disse. Se eu não me livrasse daquele gato persa, nunca mais arrumaria outra namorada. Todo mundo na vizinhança falava de mim, eu um sujeito de trinta anos que nunca levava nenhuma mulher para casa e que passeava no fim da tarde com um gato persa no colo. Meu gato era tão branquinho, educado, sim senhor. Nunca me deu trabalho com o uso da caixa de areia. Comia sempre às horas marcadas. Não era desses gatos que roubam ração. Manhoso, grandes olhos azuis, vivia ronronando pelos cantos, implorando por um afago. É bem verdade que, vez ou outra, tomava ares de menoscabo, e ficava com olhos esnobes de felino nobre. Um obeso e felpudo gato branco.Desde que minha namorada me deixara, e deixara o gato, antes, dela, pois tinham os olhos da mesma cor, e agora tão meu, já que me lembrava tanto a cor dos olhos dela, que eu não saíra mais para paquerar. Estava meio com medo, e tinha até me mudado para vizinhança nova, fugindo da fama de homem abandonado. Agora nas nada escolhidas palavras do meu irmão eu descobria que na nova vizinhança eu tinha fama pior que na antiga. Culpava meu gato.Já era hora de seguir minha vida, bem sabia. Pensei em anunciar no jornal minha condição de solteiro. Talvez fosse a coisa mais racional a se fazer. Sabendo disso meu irmão quase me esmurrou. Disse que eu era um desastre e me levou para um bar de solteiros para paquerar.Não sabia mais como fazer estas coisas, mas sei que se deve na conversa com as mulheres, procurar pontos de empatia. Vi uma morena linda, sentada sozinha. Engoli meu uísque, melhorei a postura, respirei fundo, caminhei decidido, sabendo que meu irmão via tudo à certa distância. Perguntei a ela se a outra cadeira estava vazia. Ela me mandou sentar. Falar de quê? Pânico. Nada me veio à cabeça, a não ser:
_ Eu tenho um gato persa e... _Um bichano?Jura? Eu tenho uma gata siamesa de três anos que me acompanha em todos os lugares.
_Todos? Onde está ela agora?A moça abriu a bolsa e dois olhos faiscantes me fitaram imediatamente.
_Céus!Você é maluca!Trazer seu bichinho para um lugar desses...
_Ela é virgem e todo cuidado é pouco.Não quero nenhum gato abusado se aproveitando dela na minha ausência.
_Isso me deu uma idéia... por que não cruzamos nossos bichanos?_Ora, deixa disso.Por que eu deixaria seu gato abusar da minha Madona?
_Madona? A puta? Tá aí mais um motivo. Madona não combina com virgem. Tem que mudar o nome da gata.
_Tá maluco cara? Eu a chamo assim desde que nasceu.
_Então...
_Acha que ela gostaria de perder a virgindade?
_Com certeza.Depois de alguma relutância, a moça concordou e combinamos o dia para o fatídico descabaçamento da Madona. Dia 4 de julho. Seria dali a dez dias.
_Não dá para ser antes? Perguntei eu já bastante excitado com a idéia, talvez rendesse para mim também.
_Não. Daqui a dez dias. É o tempo de eu preparar a Madona, levá-la no veterinário para ver se está tudo bem. Quero que seja perfeito para ela. Aproveite esse tempo para aconselhar o seu gato, pois se ele for grosso com a Madona, eu o capo.
-Não se preocupe, ele será um cavalheiro. Mas, será na minha casa ou na sua?
― Tem que criar um clima para a Madona. Tem que ser num lugar aconchegante e discreto. Bem se vê que você não entende de alma feminina. Será num motel. Ah, e você paga a conta. Dois dias antes do combinado eu não sabia mais o que fazer. De tanto pensar naquela gata, quase comecei a enlouquecer. Levei o felino para passear, dei banho com xampu e ungüento, e quando disse à veterinária sobre o tal desfloramento, ela piscou e falou sorrindo, que havia um jeito de trepar com a dona da gata fogosa. Eu fiquei desconcertado e não dormi mais tranqüilo até saber da veterinária mais detalhes sobre aquilo. Tinha que agir, segundo o plano, com toda e suprema cautela e quando chegássemos ao motel, devia perguntar para ela, a dona da gatinha virgem, que assim como muita gente, bem podíamos começar tomando um banho bem quente. E beber um pouco de vodka enquanto nossos dois felinos miavam e, é claro, tratavam de assuntos mais libertinos. E pensando nessas coisas lá fui eu para o motel no dia combinado. Estava ansioso. Afinal, não dormi nas duas últimas noites pensando, planejando, matutando um jeito de me dar bem com a dona da siamesa virgem. Vai, que ela também fosse virgem? Seria um verdadeiro “ménage a pour”. Nunca havia passado por uma situação dessas. E não ia ser agora que eu iria desperdiçar. No dia combinado, enquanto seguia de táxi com meu persa a tiracolo pelas ruas do Rio de Janeiro, me pus a repassar mentalmente todos os detalhes do plano que bolei para comer a linda moreninha de olhos verdes, proprietária da siamesa virgem. Combinamos que o encontro seria no motel onde o marido de Suzana Vieira havia promovido um quebra-quebra com uma prostituta, não pelo episódio em si, mas pela promoção do dia, que incluía muitas vantagens adicionais, além do preço convidativo. Será que ela era virgem mesmo? Seu interesse em ir a um motel com um quase-desconhecido seria puramente para desvirginar a Madona? – fiquei cogitando distraído, torcendo para que a dona da siamesa tivesse as mesmas segundas, terceiras e quartas intenções que eu. Não via a hora daquilo começar e nem acreditava naquela aventura felina em um motel do Rio de Janeiro em plena segunda-feira à tarde. Mas aquilo tudo podia render uma boa trepada. E essa chance, ah, eu não ia deixar passar em branco. A princípio me senti um pouco encabulado com o olhar interrogativo do motorista do táxi, quando lhe dei o endereço do motel. Provavelmente o homem nunca vira alguém ir ao motel levando um gato e ainda por cima, no sentido real da palavra. Mas isso era problema meu. E ao descer do táxi, senti meu nível de excitação lá nas alturas. Paguei o táxi e coloquei o gato dentro da sacola que levei para escondê-lo. Depois fui até a recepção e me registrei, não sem avisar que estava esperando alguém. Com as chaves na mão fui para o quarto indicado e iniciei os preparativos para o ritual do acasalamento felino. A veterinária me explicou que devia criar um clima para que os bichinhos se sentissem mais à vontade. Considerei até a idéia de levá-la junto, mas ela recusou a oferta. Como Madona não demoraria a chegar, soltei o bichano pelo quarto e me pus a seguir as instruções da veterinária. Coloquei música ambiente relaxante para descontrair os bichinhos, escureci o quarto, pois segundo ela, os felinos não acasalam em ambientes muito iluminados e levei até umas moitas artificiais para que eles não se sentissem tímidos na frente da gente. Enquanto esperava pela “minha” moreninha dos olhos verdes, abri uma garrafa de vodka para relaxar e eis que não conseguia me lembrar se meu gato já tinha feito sexo antes. Gordo e preguiçoso, ele era só pêlo e apetite. Eu não via nele qualidades que inspirassem um grande amante. Mas, afinal, tratava-se de uma gata siamesa, e isso de exótico sempre me excitou. Não menos excitante era a dona da gata Madona, a gata virgem. A morena de olhos verdes esmeralda de tom decidido era muito atraente. Já lá se iam uns bons seis meses que eu não tinha contato íntimo com ninguém. Liguei para a portaria do motel, pois lembrei que para mulher chocolate é afrodisíaco. Mandei trazer uma caixa do mais caro. Seria um rombo no orçamento, mas não combinam economia e romantismo. Repassei a vista no cenário africano que montei para incentivar as fantasias eróticas dos gatos, torcendo para que meu persa se sentisse o mais potente dos leões. Mesmo suando muito, apertei a gravata e fechei o paletó, mas uma boa figura devia incrementar minha chance de desvirginar a morena. A esta altura eu já acreditava de certeza dogmática na virgindade dela. Sentei junto à janela, olhei no relógio. Faltavam cinco minutos. Acendi um cigarro. Fumei em grandes tragadas. É perdoável a insegurança em quem tem vinte anos, mas não em quem já chegou aos trinta. De repente me veio o pensamento inconveniente e brochante: e se ela não gostasse de fumantes? Abri as janelas e me pus a sacudir uma toalha de banho nervosamente para dissipar a fumaça. A campainha tocou. Joguei a toalha no banheiro e fui abrir a porta. Ela estava linda e com os olhos mais verdes do que nunca, olhando com certa malícia para mim: _Olá! Desculpe o atraso, o trânsito estava de matar – disse ela entrando com uma sacola, que depositou no sofá.
_É a Madona?
_Sim. Ela está um pouco nervosa.
_Ora, ora... vejamos. Abri a sacola e chamei a bichana.
_Venha mocinha, o mundo te espera. A gata saiu e olhou para os lados. Meu bichano, imponente, deu uma cheirada no rabo da felina e foi para cima da cama.
_Gato esperto o seu, mas apressadinho, foi logo para a cama – comentou a bela moreninha.Madona parecia estar ansiosa para iniciar o ato, pois correu a se aninhar nos lençóis de linho branco.
_Miauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu. – era um gemido longo, profundo e provocante. Madona estava mesmo decidida a perder a virgindade. Mais provocante ainda foi a lambida no bigode do meu persa, que o fez sair em disparada para o meu colo.
_Ei... espere aí. Você não me disse que ele era virgem também.
_Virgem? Não! Jamais! Ele é o dono do pedaço no meu bairro. Já traçou umas dez bichanas. Para provar o que dizia, levei o gato para perto de Madona. Mas para meu espanto, o desgraçado grudou as unhas em minha camisa como se tivesse pavor da fêmea.
_Seu gato é veado? Porra, meu! Você trouxe um gato veado para deflorar a Madona?
_Nãooooo. Nada disso... Não sabia onde enfiar minha cara de vergonha. Tentei me explicar:
_Ele deve tá doente... mas veado nunca! E novamente levei o gato até a cama.
_Miauuuuuuuuuu... O gato simplesmente amarelou e saltou como um raio pela janela.
_Droga! Minha Madona vai ficar traumatizada. Poxa! Eu até estava sentindo certa química por você, afinal se interessou em tornar a vida da minha gatinha mais feliz... Mas, um gato veado? Essa é demais... _Química? Você falou em química?
_Sim, mas esqueça. Tenho que pensar na Madona agora. Depois, estou decepcionada com você.
_Não! Não diga isso. Vamos cuidar da Madona. Eu prometo que ela nem vai lembrar do meu gato desgraçado.
_O que pretende fazer? Onde vai arranjar outro gato?
_Tem uma clínica veterinária aqui perto...
_Nada disso.Um estranho... quem pensa que somos? Temos classe, não saímos com um cara e transamos no primeiro encontro. Depois, como garante que ela não vai pegar nenhuma doença?Eu estava num beco sem saída. Não podia perder aquela foda, não agora que ela tinha admitido a tal química...
_Eureca! Tenho uma idéia... Cheguei ao ouvido da moça e sussurrei um plano infalível, que satisfaria a gregos e a troianos. _Tem certeza? E se não der certo?
_Vai dar, pensamento positivo. Eu garanto!
_Ok. Eu topo.
_Topa?
_Sim, já disse.Topo!
_Sério? E depois...
_Se der certo, amanhã voltamos aqui sem os gatos... Ela me sorriu maliciosamente. Aquilo me excitou.
_Uau! Vamos começar logo. Apague as luzes... Estava eufórico. Conseguiria finalmente comer a linda moreninha. _Miau... rom, rom, rom, miauuuuuuuuuuuuuu...Transamos horas a fio. Ela gemia feito uma gata experiente, rodada. Nem parecia virgem! Aquilo me deixou louco. Acho que nunca uma foda foi tão boa. Completamente esgotada, ela caiu para o lado preguiçosamente. A moreninha acendeu a luz: _Nossa! Como você entende do babado! Nunca vi a Madona com um sorriso tão lindo estampado no rosto. A gata estava estatelada nos lençóis, completamente imóvel, como se estivesse em transe.
_Deu trabalho. Achei que ela não fosse parar de gozar nunca. Acho que teve orgasmos múltiplos. Meu dedo até criou calo.
_Eu fiquei muito orgulhosa de você. Até me arrepiei. E pensar que você fez isso tudo por mim... Achei lindo!
_Lindo? Sua malandrinha. Eu vi sua empolgação. Até esqueci meus pudores quando você decidiu enfiar seus lindos dedinhos no meu ânus. Olha, você chegou a me esfolar. Mas fiquei firme. Senti até sua saliva, danadinha .Taradinha você, hein, princesa...
_Euuuuuuuuu? Pirou cara?
Entrei em pânico. Estava nu no meio de um quarto de motel, mostrando minha bunda vermelha, arranhada e com o orifício aberto como se tivesse sido deflorado.
No outro lado do quarto, no chão, o gato persa, com um brilho de satisfação nos olhos, como se tivesse acabado de comer um rabo. E como lambia o beiço...



(Preserve os direitos autorais- plágio é crime previsto por lei)

O Baile de Máscaras (publicado no www.memorteme.blogspot.com)

(De Alessandra Bertazzo, Eduardo Borges, Sacerdote e Me Morte)





Mil novecentos e noventa e um. Carnaval inesquecível aquele. Pau a Pique, interior do Paraná. Muito se falava na pequena e simpática cidadezinha próxima ao litoral do estado, famosa por sua cachaça e pela folia de momo nas ruas, oferecida aos turistas. Fiquei curiosa. Sempre gostei dessa festa “pagã”. Juntei um grupo de amigos, todos pagãos como eu e no sábado de Carnaval lá estávamos nós descendo a serra cheios de vontade de curtir a festa no interior. Contava-se que além da festa nas ruas, haveria um baile de máscaras no clube local. Era o primeiro baile do tipo realizado na cidade, recém emancipada. Estariam presentes todas as autoridades do município. Ficamos curiosos. Nunca havíamos ido a um baile de máscaras e numa cidade do interior devia ser algo mais curioso ainda. Dois dias antes do baile resolvemos explorar o comércio em busca das fantasias mais inusitadas. Estávamos num grupo de cinco pessoas, três mulheres e dois homens. Percorremos algumas lojas e depois de quatro longas horas de busca, nos encontramos satisfeitos no hotel, cada um com seu figurino debaixo do braço. Combinamos que só nos veríamos fantasiados na hora de sair para a festa. Havíamos apostado os convites do baile. Aquele que estivesse com a fantasia mais bizarra pagaria os ingressos dos outros. Estava ansiosa para ver as fantasias dos meus amigos. Por isso, fui a primeira a me vestir para esperá-los na recepção. Estava me sentindo a própria Carmem Miranda com aquelas bananas na cabeça. Eu tinha jurado que ia comprar algo bem confortável, mas, como sempre, fui enrolada pela vendedora. Eu sempre caia na lábia dos outros. Já era conhecida entre meus amigos como "Maria vai com as outras", pois bastava meia dúzia de palavras para que eu comesse até merda se mandassem. O peso daquelas frutas certamente era pior que qualquer enxaqueca. Senti-me uma verdadeira salada de frutas ambulante. Além das bananas, havia abacaxis, pêssegos, laranjas e mais as maçãs, tudo natural. Mas o que mais se destacava em mim era o cheiro do abacaxi, que estava forte. E a minha maquiagem de colombina. Nunca me senti tão ridícula na vida. Pensando bem agora, será que eu agüentaria passar a noite toda com aquele peso na cabeça? Já estava me arrependendo de ter feito a aposta, quando eles apareceram, já rindo da minha cara assim que entraram no saguão. __Que merda! Maldita hora que fiz essa aposta. To me sentindo ridícula – esbravejei irritada. __Ha, ha, ha, ha... que é isso agora? Pirou? A idéia é se sentir ridículo. Lembra? E a propósito, é você quem vai pagar os ingressos. Sua fantasia foi eleita a vencedora, não é pessoal? – instigou o Tomate, o mais “mala” do grupo. Todos concordaram. __Ora, ora... pense pelo lado bom: se a gente ficar com fome, atacamos sua cabeça! Ha, ha, ha, ha... – exclamou a Siamesa, a mais atirada da galera. __Tá bom, tá bom. Eu pago. Mas não tá na hora ainda. Temos meia hora. Vamos até o bar tomar uma cachaça para eu me animar. Todos riam de mim. Eu merecia. Como fui burra. Tinha tantas fantasias... Odalisca, cigana, até enfermeira era melhor que isso... Meus olhos estavam cheios de lágrimas de tanta vergonha. Mas não ia deixar que eles percebessem. Na ânsia de esquecer minhas lástimas, depois de uns três copos de cachaça, já me sentindo um pouco mais animada e aérea, me levantei para ir até o banheiro. Enquanto me encaminhava para lá, um funcionário me abordou, dizendo que estava com “fome” e que me ofereceria uma taça de vinho doce, sanguíneo e inebriante para combinar com as frutas. "Cortesia da casa", disse e sorriu, lançando-me um olhar malicioso. "Pronta para o baile de hoje à noite?", perguntou-me após alguns segundos. Levantei os olhos e, provavelmente por influência da uva fermentada, esbarrei em um sorriso maravilhosamente sedutor. "Sim, hic, acho que agora estou. Desculpe” – respondi, sem me importar com aquele soluço involuntário que escapou dos meus lábios. "É... acho que está mesmo”, segredou ele ao meu ouvido, o cheiro de seu hálito mais parecendo uma brisa marinha. “Mas acho que tenho a fantasia perfeita para você”. Perfeito ou não, aquele comentário malicioso sobre a fantasia, muito me agradou. Fosse como fosse, após cinco anos de separação, aquela era a primeira vez que um homem demonstrava interesse por mim. A bem da verdade, não passava de um sujeito boçal, mas isso não fazia diferença, quando o intuito era despertar algo que, já há muito, havia desfalecido. Constrangida e ao mesmo tempo excitada, deixei que ele pousasse suas mãos grossas e firmes em minha cintura e seguimos para o jardim. Ele fugia do trabalho, e eu, de minhas inóspitas carências. No estado ligeiramente alterado em que me encontrava, um ser grosso e vulgar até que ia bem. Uma de minhas fantasias prediletas sempre fora com os peões de Barretos. Aquele cheiro de cavalo, de touro enfurecido, a barba por fazer, os músculos... nossa! Era tudo o que eu precisava naquela hora, já sentindo a umidade libertina entre minhas pernas. Em meio a rosas e cactos, nos amarfanhamos naquele parco jardim do Éden. Ele cheirava a suor e gordura e eu exalava o cheiro do abacaxi. Realmente, eu estava precisando mesmo daquilo, de um homem de verdade, másculo, forte, dominador. Estava cansada de falsas promessas de virilidade, meu ex-marido deixara muito a desejar em termos de masculinidade. Queria ser amada vulgarmente ali naquele local, no meio daquele povo interiorano, sem maiores delongas, ser penetrada com fúria e avidez de animal no cio. Afinal era Carnaval, portanto só havia lugar para o prazer, para a satisfação da luxúria, do desejo, dos instintos. Naquela hora esqueci tudo. Amigos, baile, fantasia. Nada mais me importava. Não fosse minha fome de sexo, passaria despercebido. Os dedos dele trabalhavam com extrema perícia e destreza. Era um. Eram dois. Eram três... na frente, atrás, entrando, saindo, voltando. Hum... humm... hummm... ai... uiii... Aquilo estava me deixando doida. Não agüentava mais de tanto tesão e não via a hora da posse completa, irrestrita e animal, ali no meio daquela festa pagã. Esperava ansiosa pelo momento em que ele substituísse seus dedos tão ágeis e experientes pelo membro duro e viril feito rocha, quando subitamente ele parou tudo e me deixando na mais completa excitação, disse um tanto estranho: ___Preciso te falar uma coisa. ___Agora??? Não pode ser depois? – indaguei contrariada, deslizando minhas mãos em seu peito cabeludo. ___Agora. Tenho que dizer logo antes que... Sou gay. ___O que você disse? ___GAY... Sou GAY!!! ___Gay??? Que palhaçada é essa agora? Você só pode tá brincando... ___Não linda... sou gay. E com muito orgulho. Há trinta anos. ___Mas por quê? ___Porque gosto de homem... Gosto de um corpo másculo e viril me alisando à noite, me dando prazer, me fazendo feliz. ___Não. Definitivamente estou no meu inferno astral. Cacete! Por que me trouxe aqui, então? ___Por que adorei sua fantasia de Carmem Miranda... Queria para mim. Pensei que se te proporcionasse alguns momentos de felicidade, talvez você pudesse me dar a fantasia em agradecimento. Quero usá-la para realizar uma tara do meu bofe. Fiquei muda. Nunca pensei que passaria por isso um dia. Meus amigos já deviam estar à minha procura, preocupados com meu sumiço repentino. Além disso, ainda havia o baile. Sem pensar direito, no calor da minha excitação gritei, implorei: ___ Rápido, as bananas. Use as bananas. Amanhã passo aqui de novo e te dou a fantasia.


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